(um escândalo muito pior que o do mensalão)
Suponhamos que o governo federal desviasse trezentos milhões de reais dos nossos tributos e os dividisse clandestinamente entre políticos da base aliada. Seria um grave delito, mas não tão grave quanto aquele a que me refiro.
Nosso governo não apenas privou-nos de R$ 302,8 milhões, que poderiam ser usados para a saúde, a educação, a segurança pública… Reservou esse montante de nosso dinheiro para o fim específico de corromper crianças, adolescentes e famílias.
Não há nenhum exagero na afirmação acima. Trezentos e dois milhões e oitocentos mil reais é o valor de uma emenda ao orçamento aprovada pelo Senado no ano passado para iniciativas de apoio à “prevenção e combate à homofobia”[1].
Com esse objetivo, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) em parceria com a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), elaborou um “kit anti-homofobia” que deveria ser distribuído nas escolas no segundo semestre deste ano. Segundo o ativista homossexual Beto de Jesus, membro da ABGLT, que trabalhou na elaboração do “kit gay”, cerca de R$ 1,5 milhão foi gasto nesse projeto[2]. Destinado a crianças e adolescentes a partir de onze anos, o material é uma autêntica doutrinação na ideologia de gênero. Segundo essa concepção, masculinidade e feminilidade são puras construções sociais (gêneros) que nada têm a ver com os dados biológicos (sexos). O matrimônio entre um homem e uma mulher é apenas uma entre tantas outras “opções” sexuais. Vejamos o que defendem três vídeos desse “kit”.
Travestismo
O vídeo “Encontrando Bianca”[3] mostra um adolescente chamado José Ricardo que, inconformado com o próprio sexo, vai à escola vestido como menina e com as unhas pintadas de vermelho. Deseja ser chamado de Bianca, o nome de sua atriz preferida, inclusive na hora da chamada. Lamenta não poder usar o banheiro feminino. Sofre “perseguições” e “preconceitos”, mas acaba tendo apoio de colegas e professores.
Bissexualismo
O vídeo “Probabilidade”[4] apresenta o jovem Leonardo, que, ao mudar-se de cidade, lamenta-se por ter que separar-se de Carla. Matriculado em outra escola, Leonardo conhece Mateus, um homossexual. Os dois sofrem zombaria dos colegas, que os chamam de “namoradinhos”. Mateus apresenta-lhe seu primo Rafael, que está para se mudar, e Leonardo “apaixona-se” por ele. Fica então em dúvida quanto à sua própria identidade sexual, pois sente atração por pessoa do mesmo sexo (Rafael) e do sexo oposto (Carla). Em uma aula de Matemática, Leonardo “descobre” que pode “ficar” tanto com garotos como com garotas. Assim, probabilidade de encontrar alguém pelo qual sinta atração é “quase cinquenta por cento maior”.
Lesbianismo
O vídeo “Torpedo”[5] apresenta a adolescente Vanessa recebendo em seu celular uma mensagem de sua colega Ana. Esta lhe comunica que ambas foram fotografadas durante uma festa e que sua imagem circula pela Internet e foi fixada no corredor da escola. As duas resolvem enfrentar a “homofobia” e assumem publicamente o lesbianismo. Uma diz: “Quer ir namorar comigo?”. A outra responde: “Acho que a gente já está namorando”.
Reação dos deputados e recuo do governo
Quando o ministro da Educação Fernando Haddad afirmou que o kit “Escola sem homofobia” seria mantido tal como foi feito, recusando o diálogo com parlamentares prometido dias antes, a bancada católica e evangélica da Câmara ameaçou convocar o ministro da Casa Civil Antônio Palocci para explicar sobre denúncias acerca da evolução do seu patrimônio. Ameaçou também realizar uma Comissão Geral para discutir o material pró-homossexualismo, criar uma CPI sobre o Ministério da Educação, pedir a exoneração de Fernando Haddad e ainda obstruir as votações[6].
No dia seguinte, 25 de maio de 2011, Dilma resolveu suspender a distribuição do “kit” por achá-lo “inapropriado” para o objetivo de combater a “homofobia”. O anúncio foi feito pelo ministro da Secretaria Geral da Presidência Gilberto Carvalho, fazendo questão de dizer que não se trata de um recuo, mas de “um processo de consulta que o governo passará a fazer, como faz em outros temas também, porque isso é parte vigente da democracia”[7].
Segundo o jornal O Globo, a proibição de Dilma se estenderia também à cartilha de pornografia “O caderno das coisas importantes – confidencial”, em que os alunos são convidados a descrever suas experiências sexuais às ocultas de seus pais, e outros livretos que, em forma de estórias em quadrinhos, apresentam cenas de beijos entre homens e entre mulheres. A apologia do homossexualismo faz parte do Programa DST-Aids, lançado em 2008 pelo então ministro da Saúde José Gomes Temporão[8].
É preciso, porém, ter cautela para verificar se, de fato, todo esse material foi afastado das crianças. Mais do que nunca é preciso que os pais vigiem o material escolar que está sendo usado por seus filhos. Além disso, a campanha de corrupção infanto-juvenil foi apenas adiada. Até o fim do ano, o Ministério da Educação pretende lançar uma nova versão do “kit gay” a ser distribuída nas escolas[9]. Obtivemos uma vitória, mas estamos muito longe de poder ficar tranquilos.
Anápolis, 13 de junho de 2011.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz.
Presidente do Pró-Vida de Anápolis
[1] CDH aprova R$ 1,15 bilhão em emendas ao Orçamento de 2011. Agência Senado, 23 nov. 2010, in: http://www.senado.gov.br/noticias/verNoticia.aspx?codNoticia=105564
[6] Cf. Deputados cristãos ameaçam convocar Palocci se governo mantiver “kit anti-homofobia”, Agência Câmara de Notícias, 24/05/2011, 20h47min, in: http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/197537-DEPUTADOS-CRISTAOS-AMEACAM-CONVOCAR-PALOCCI-SE-GOVERNO-MANTIVER-%E2%80%9CKIT-ANTI-HOMOFOBIA%E2%80%9D.html
[8] Cf. Confira os vídeos que poderiam ser incluídos no ‘kit anti-homofobia’, O Globo, 25/05/2011, in: http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/05/25/confira-os-videos-que-poderiam-ser-incluidos-no-kit-anti-homofobia-924536729.asp