Serra, um “incêndio limitado”

(palavras de Dom Pestana sobre este crítico momento eleitoral)

Neste momento, muitos perguntam em quem votar para Presidente da República. Dilma Roussef (PT) e Marina Silva (PV) pertencem a partidos explicitamente comprometidos com o aborto. O partido de José Serra (PSDB) não é abortista, mas o candidato assinou, em novembro de 1998, quando era Ministro da Saúde, uma Norma Técnica que instituiu a prática do aborto no Sistema Único de Saúde em nível federal, para crianças de até cinco meses supostamente concebidas em um estupro. A introdução oficial do financiamento do aborto pelo SUS é uma mancha no histórico de Serra que escandaliza muitos eleitores.

Sem negar a gravidade do ato praticado pelo então Ministro, o Bispo Emérito de Anápolis Dom Manoel Pestana Filho afirma que votar em Serra seria escolher um “incêndio limitado” em vez de uma “catástrofe incontrolável”. O Bispo acredita que as raízes cristãs de Serra – que já foi simpatizante da Juventude Universitária Católica (JUC) – não o deixarão “ir tão longe e tão fundo”. Crê ainda que haja esperança de conversão para esse candidato, esperança essa que absolutamente não existe para Dilma e Lula.

De fato, Serra nunca foi um “militante” abortista. A Norma por ele assinada, por abominável que seja, não foi de sua autoria. Já estava elaborada por militantes pró-aborto quando ele assumiu o Ministério da Saúde. Como Ministro, ele deixou-se enganar pela falácia de que no Brasil o aborto é “legal” quando a gravidez resulta de estupro, confundindo assim a não aplicação da pena (“não se pune…”) com a licitude da conduta (art. 128,II, CP). Nada disso justifica o que ele fez, mas serve como atenuante. Ao contrário, não encontramos nada de atenuante na política “furiosamente abortista” dos dois governos Lula.

Leiamos a mensagem de 25/08/2010 enviada por Dom Pestana a José Serra com o título sugestivo “Carta de apoio eleitoral”:

 

Caro Serra,

Conheci o Sr. jovem ainda, simpatizante da JUC, num encontro em SP. Parecia-me inclinado à esquerda, um pouco deslumbrado, mas confiável. Acima de tudo com raízes cristãs. Lá estava também, se bem me lembro, o Plínio de Arruda Sampaio.

Eu era uma figura discreta, de batina preta, sonhando no inicio do sacerdócio com dedicar-me ao trabalho de formação de líderes cristãos, capazes de pesar positivamente no futuro da Igreja e da Pátria. Tempo de belos sonhos, ainda muito ingênuos mas decididos.

Mais tarde, encontrei-o poucas vezes, antes de vê-lo em Brasília, no Ministério da Saúde, quando protestava contra a sua Portaria que abria a porta ao aborto “legal” (!)[1].

Pudemos nos ver em Anápolis, na inauguração da Universidade de Goiás, quando ameaçou, em alta voz, prender o Pe. Lodi na sua campanha heróica.

Agora estamos diante de uma encruzilhada trágica, entre o PT, furiosamente abortista e desabridamente amoral, e a sua posição também sanguinária, mas por enquanto mais comedida, porque creio que a sua história e as suas raízes não o deixarão ir tão longe e tão fundo.

Agora não se trata de escolher o menor mal, mas entre uma catástrofe incontrolável e um incêndio limitado.

Penso que os responsáveis entre nós por essa avalanche continental da esquerda revanchista, pelo menos rezem (Oxalá ainda se lembrem de rezar!), para que o Serra se converta porque com Dilma e Lula não creio haver a mínima esperança de conversão.

Assim, ao menos a maldição do aborto não se perpetue com o desmantelamento da moral e possamos voltar a tempos melhores, que não me parece que mereçamos, devido ao nosso arrefecimento religioso e à busca desenfreada e imoral de vantagens, com toda espécie de capitulações traidoras.

Resolvi escrever estas linhas devido à minha preocupação pelo futuro desta Pátria tão cheia de maravilhas, talvez um gigante ainda adormecido em berço esplêndido, mas que poderá conhecer dias melhores se tiver filhos dignos, que saibam defender a vida em todos os momentos.

 

Dom Manoel Pestana Filho

Bispo Emérito de Anápolis – Goiás

Anápolis, 15 de setembro de 2010

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis

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