A consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria

(um presente do Papa Francisco para toda a Igreja)

Em 13 de julho de 1917, logo após ter mostrado o inferno às três crianças de Fátima, Nossa Senhora lhes disse:

Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. […] Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfaráOs erros da Rússia são, em primeiro lugar, o comunismo. Mas há, dentro do comunismo, lembrava o saudoso Dom Manoel Pestana Filho, algo particular em que a Rússia comunista foi pioneira: a legalização do aborto, no ano 1920.

A devoção ao Imaculado Coração de Maria, incluindo a Comunhão reparadora e a consagração da Rússia, serviria não apenas para evitar as guerras e o avanço do comunismo, mas também para evitar que se espalhasse para outras nações a chaga do aborto legalizado. Por esse motivo, Dom Pestana cunhou a jaculatória: “Coração Imaculado de Maria, livrai-nos da maldição do aborto”.

N Sra Fatima

Em uma carta de 29 de agosto de 1989, Irmã Lúcia esclarece uma dúvida:

– A Consagração do mundo, conforme Nossa Senhora pediu, está feita?

Em 31-X-1942, fê-la Sua Santidade Pio XII: Perguntaram-me depois, se estava feita tal como Nossa Senhora a pediu; Eu respondi que não, porque lhe faltava a união com todos os Bispos do mundo.

Fê-la depois Sua Santidade Paulo VI, a 13-V-1967. Perguntaram-me se estava feita tal como Nossa Senhora a pediu. Respondi que não: pelo mesmo motivo, faltava-lhe a união com todos os Bispos do mundo.

Fê-la Sua Santidade João Paulo II, a 13-V-1982. Perguntaram-me depois se estava feita. Respondi que não. Faltava-lhe a união com todos os Bispos do mundo.

Então, este mesmo Sumo Pontífice João Paulo II escreveu a todos os Bispos do mundo pedindo que se unissem a Ele, mandou ir a Imagem de Nossa Senhora de Fátima – a da Capelinha – a Roma, e no dia 25-III-1984 – publicamente – em união com os Bispos que a Sua Santidade se quiseram unir – fez a Consagração tal como Nossa Senhora a pediu. Perguntaram-me, depois, se estava feita, tal como Nossa Senhora a pediu, e eu disse que sim. Desde aí, está feita.

E porquê esta exigência de Deus a que esta consagração fosse feita em união com todos os Bispos do mundo? Porque esta Consagração é uma chamada à união de todos os cristãos – Corpo místico de Cristo – cuja cabeça é o Papa, único verdadeiro representante de Cristo na terra, a quem o Senhor confiou as chaves do Reino dos Céus. E desta união depende a Fé no mundo, e a Caridade, que é o laço que a todos deve unir em Cristo, como Ele o pediu ao Pai: “Como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, que também eles estejam em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste … Eu neles e Tu em Mim, para que eles sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que Tu Me enviaste e os amaste, como Me amaste a Mim (Jo XVII-21/23).

Como vemos, da união depende a Fé e a Caridade que deve ser o laço da nossa união em Cristo, cujo verdadeiro representante na Terra é o PapaIrmã Lúcia aponta os acontecimentos do Leste (queda do muro de Berlim em 1989, extinção da União Soviética em 1991, tratados de paz em vez de uma guerra nuclear) como efeitos da consagração de 25 de março de 1984.

No entanto, alguns, entre eles o famoso exorcista Pe. Gabriele Amorth, não consideraram válida aquela consagração, porque o nome “Rússia” não foi explicitamente mencionado.

Seja como for, desta vez, em plena guerra entre Rússia e Ucrânia, no dia 25 de março de 2022, o Papa Francisco, mencionou expressamente os dois países na fórmula da consagração:

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Tive a alegria de participar na Catedral do Bom Jesus da Lapa, juntamente com meu Bispo Diocesano Dom João Wilk e outros sacerdotes concelebrantes, da Santa Missa às 12 horas do dia 25 de março, Solenidade da Anunciação do Senhor. Logo após, de joelhos, em união com o Bispo e o Papa, pude acompanhar a recitação da fórmula da consagração desta vez, com menção especial da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Este, sem dúvida foi um grande presente do Papa Francisco à Igreja e a toda a humanidade.

Resta, da nossa parte, sermos fiéis aos pedidos de Nossa Mãe em Fátima – recitação diária do terço, oração e sacrifício pela conversão dos pecadores – para que se apresse o triunfo de seu Imaculado Coração.

Anápolis, 5 de abril de 2022.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

 

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