Corrupção de menores

(mais uma iniciativa do Estado contra os alunos nas escolas)

Com razão o falecido Papa João Paulo II qualificou o aborto como “crime abominável” e “vergonha para a humanidade”. Dom Eusébio Oscar Scheid, Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, em sua “Oração a Nossa Senhora Protetora dos Nascituros” afirma que o aborto é “o pior crime contra a humanidade toda”.[1] Lamentavelmente, o governo federal não tem medido esforços para favorecer e financiar esse crime no Sistema Único de Saúde (SUS).[2]

No entanto, com tristeza e indignação somos obrigados a constatar que o Estado não se contentou com esse tipo de ação contra os direitos das crianças e dos adolescentes. O que o programa federal “Saúde e Prevenção nas Escolas – Atitude para Curtir a Vida” está fazendo supera a malícia do próprio aborto.

Explico-me: pior que matar um pequenino é corrompê-lo. Pior que esquartejar as criancinhas é destruir sua inocência. Pior que tirar-lhes a vida é induzi-las a cometer pecado. Não foi à toa que Jesus pronunciou estas terríveis palavras: “Caso alguém escandalize um destes pequeninos que crêem em mim, melhor será que lhe pendurem ao pescoço uma pesada mó e seja precipitado nas profundezas do mar” (Mt 18,6).


Uma cartilha de pornografia

O governo federal elaborou uma cartilha para ser distribuída a estudantes de escolas públicas de 13 a 19 anos com o título “O caderno das coisas importantes – Confidencial”. Trata-se de uma agenda em que os alunos, sem o conhecimento ou consentimento dos pais, deverão anotar suas experiências sexuais. A cartilha foi elaborada pelos ministérios da Saúde e da Educação ao longo de 2006 e experimentada em alunos do Distrito Federal. A primeira tiragem teve 40 mil exemplares e o governo pretende distribuir 400 mil cópias adicionais pelas escolas do país.  

cartilha

A cartilha explica o que são “ficadas” ou relacionamentos-relâmpago entre jovens:

 

Uma ficada pode significar uma porção de coisas. Beijar, namorar, sair e transar[3] Relate aí embaixo as mais espetaculares ficadas da história. Ou, pelo menos, da sua história.   
Como foi: ______________________________________________  
Com quem: _____________________________________________  
Onde foi: _______________________________________________  
Quando foi: _____________________________________________

Há uma página inteira com figuras ensinando a colocar e a retirar o preservativo. O título é: “O maravilhoso espetáculo do preservativo”, com o subtítulo: “Episódio de hoje: o pirata de barba negra e de um olho só encontra o capuz emborrachado”.

Sob o título “Sedução”, a cartilha ensina:

Colocar o preservativo pode ser uma excelente brincadeira a dois. Sexo não é só penetração. Seduza, beije, cheire, experimente![4]

Notem-se os verbos no modo imperativo, incitando os adolescentes à prática sexual. Se isso não é corrupção de menores, que mais o será?

A cartilha ainda incita à prática da masturbação, descendo a detalhes, conforme descreve a Folha de S. Paulo:

Na parte de masturbação masculina, há a desmistificação sobre criar cabelos ou calos ou ficar com esperma “ralo”. Sobre a masturbação feminina, considerações higiênicas e dicas para uma exploração “tranqüila e relaxada”.[5]


Lula e a “hipocrisia” da Igreja

Em 7 de março de 2007, no Rio de Janeiro, em um evento de comemoração pelo Dia Internacional da Mulher, o presidente Lula criticou a “hipocrisia” da Igreja em não aprovar a distribuição de preservativos pelo governo:

Em vez de ter o Dia da Mulher, deveria ter o dia de combate à hipocrisia que está estabelecida na cabeça de todos nós […]. Nós temos o discurso moderno, mas deixamos de debater os temas por preconceito. Porque a mãe não gosta, a igreja não gosta…

Preservativo tem que ser doado e ensinado como usar […]. Desde que a criança aprende que foi Pedro Álvares Cabral quem descobriu o Brasil, deve aprender sobre sexualidade. Sexo é uma coisa que quase todo mundo gosta. É uma necessidade orgânica, animal. Como não temos controle sobre isso, temos de ensinar como fazer.”[6]

Note-se que o presidente refere-se ao instinto sexual como algo incontrolável, como se a espécie humana fosse comparável aos irracionais. Na verdade, o que é possível e necessário é a educação ao autodomínio, e não a solicitação à prática sexual de qualquer jeito, contanto que seja com preservativo.


A resposta da CNBB

Nota da Comissão Vida e Família sobre uso dos preservativos[7]

Sábado: 10 de março de 2007

A Igreja não concorda com a forma em que o Sr. Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva abordou, no Rio de Janeiro, o problema do uso dos preservativos.

A posição da Igreja é clara. Sempre o foi. Não mudou, nem mudará.

Não repetiremos continuamente nosso parecer a esse respeito. O modo de educar nossos adolescentes e jovens não pode ser feito com base no permissivismo, incitando-os a um comportamento desregrado.

Precisamos educá-los baseados em bons princípios consistentes.

Esta orientação cabe em primeiro lugar aos pais. O filho encontra na família a primeira e mais importante fonte de formação desses princípios e valores humanos. Quando os pais atuam assim, não estão sendo hipócritas. E a Igreja defende os direitos originários dos pais.

Não somos hipócritas. Nem o fomos. Nem o seremos. Somos coerentes.

9 de março de 2007

Dom Rafael Llano Cifuentes

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família


Conclusão

A criança que escapar das curetas e máquinas de aspiração com que se está praticando aborto, inclusive com o dinheiro do SUS, terá, depois de nascida, que enfrentar nas escolas públicas uma avalanche de ataques a seus olhinhos angelicais: máquinas de distribuir preservativos (semelhantes às de refrigerantes), cartilhas pornográficas, livros, filmes e músicas com mensagens de incitação sexual. Tudo isso fora do controle dos pais. E tudo isso financiado com dinheiro público.

Anápolis, 14 de abril de 2007. 

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis
 



[1] Cf. SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional da morte. Anápolis: Múltipla Gráfica, 2004, p. 412.

[2] Esse foi o tema do trabalho de conclusão de curso de Direito do Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz. Sua monografia “Aborto na rede hospitalar pública: o Estado financiando o crime” foi aprovada com a nota máxima pela banca examinadora da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás, e publicada por sugestão da professora orientadora.

[3] Destaque nosso.

[4] Destaque nosso.

[5] SUWWAN, Leila. Cartilha escolar compara beijo a chocolate. Folha de São Paulo, São Paulo, Caderno Cotidiano, p. 27, 7 fev. 2007. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0702200727.htm>;

[6] DIUANA, Flávia. Lula defende uso de preservativo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. A10, 8 mar. 2007. Destaque nosso.

[7] Disponível em <http://www.cnbb.org.br/index.php?op=noticia&;subop=14512>

 

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