População e riqueza

(povo rico é povo numeroso)

A primeira riqueza de um povo é o próprio povo. Antes de ter um grande Produto Interno Bruto (PIB), um grande crescimento econômico, uma indústria e um comércio ativos, um grande arsenal militar, é preciso que haja uma grande população, que seja protagonista de todas as demais riquezas.

Alguns exemplos, citados por Pe. Michel Schooyans[1], demonstram que, por si só, a população já se impõe como um valor que não pode ser desprezado.

1. China. Com a revolução comunista de 1949, o governo chinês refugiou-se na ilha de Taiwan, e a parte continental da China passou ao controle comunista, com o nome de República Popular da China. Durante mais de vinte anos, a ONU só reconheceu a parte da China instalada em Taiwan. Mas não pôde ignorar indefinidamente um território continental com mais de 800 milhões de habitantes[2]. Em 1971, a Assembleia Geral das Nações Unidas resolveu reconhecer a República Popular da China, fazendo-a ocupar o assento antes ocupado por Taiwan.

2. Egito. Em 1979, o Egito foi expulso da Liga Árabe por ter assinado um acordo de paz com Israel. Essa exclusão durou dez anos. Mas a Liga não pôde ignorar indefinidamente um país com mais de 50 milhões de habitantes[3]. Em 1989, finalmente o Egito foi readmitido à Liga Árabe.

 

Aliás, a Sagrada Escritura nos narra o quanto o Faraó do Egito, cerca de 1300 anos a.C., ficou assustado com a grande população dos hebreus que habitavam o território egípcio:

Levantou-se sobre o Egito um novo rei, que não conhecia José. Ele disse à sua gente: ‘Eis que o povo dos israelitas tornou-se mais numeroso e mais poderoso do que nós. Vinde, tomemos sábias medidas para impedir que ele cresça; pois do contrário, em caso de guerra, aumentará o número de nossos adversários e combaterá contra nós, para depois sair do país’. […]. Então o Faraó ordenou a todo o seu povo: ‘Jogai no Rio [o Nilo] todo menino que nascer. Mas deixai viver as meninas’ (Ex 1,8-10.22).

Será que, em nossos dias, a posse de armas nucleares dispensaria a necessidade de se dispor de um exército numeroso? O cientista político Abramo Organski e sua esposa Katherine respondem negativamente:

O argumento de que armas modernas vão logo anular as vantagens de uma grande população é inválido … As bombas atômicas requerem mais do que conhecimento para sua fabricação.

A máquina de guerra americana é feita por uma longa lista de suas maiores indústrias. Só um grande e populoso país tem o tipo de instalações industriais para produzir armas nucleares modernas de destruição em massa … O fato é que, longe de reduzir o poder de grandes países com grandes exércitos, as armas modernas têm aumentado o poder de grandes nações com grandes orçamentos militaresO crescimento da população dos países do Hemisfério Sul era visto pelo escritor Ben Wattenberg em 1987 como assustador para os países do Norte:

Os países do Terceiro Mundo serão provavelmente mais ricos e mais poderosos do que são agora… Nós sabemos o suficiente sobre os chineses, os indianos, os indonésios, os nigerianos e os brasileiros? Sabemos os idiomas deles? Conhecemos suas culturas? Deveríamos, pois essas são as superpotências demográficas do próximo séculoA previsão de Ben Wattenberg não se cumpriu quanto ao Brasil devido à drástica queda da fecundidade em nosso país. Em 1960, o Brasil ostentava uma taxa de fecundidade total de 6,28 filhos por mulher em idade fértil. Esse índice foi baixando para 5,76 (em 1970), para 4,35 (em 1980), para 2,89 (em 1991) para 2,38 no ano 2000 e para 1,87 (em 2010). Para 2015, o IBGE estima uma taxa de 1,72. Já caímos abaixo do nível de reposição de 2,1 filhos por mulher, com o qual a população fica estagnada, sem poder crescer. As projeções para um país com fertilidade tão baixa são sombrias. A população brasileira deve atingir em 2042 o valor máximo de 228,4 milhões de habitantes. A partir de então, o número deve começar a cair, atingindo o valor de 218,2 milhões em 2060[6].

Mas antes que o número total de brasileiros comece a diminuir, já agora podemos presenciar…

… uma diminuição do número absoluto de crianças, passando de 52,1 milhões, em 2000, para 49,9 milhões, em 2010, podendo alcançar 39,3 milhões, em 2030. Essas tendências apontam para uma queda de cerca de 10,0 milhões de crianças na população brasileira nos próximos 20 anos, o que representa uma média de 500 mil crianças a menos a cada anoTudo isso é fruto de uma intensa campanha antinatalista, que desvaloriza a presença da mãe no lar, pressiona as mulheres a trabalharem fora de casa, repudia a família numerosa, propagandeia o uso de anticoncepcionais e promove a esterilização em massa. Falta ainda o aborto, pois, segundo o Relatório Kissinger[8], “certos fatos sobre o aborto precisam ser entendidos: nenhum país já reduziu o crescimento de sua população sem recorrer ao aborto” (NSSM 2000, p. 182).

 

Luzes de esperança

Apesar de todos esses dados alarmantes, é possível ver no Brasil luzes de esperança. Cresce o número de famílias dispostas a nadar contra a corrente. São abertas a muitos filhos, valorizam a presença da mãe no lar e se dedicam de maneira especial à educação das crianças. Ainda são poucas para aparecerem na estatística, mas estão presentes como o fermento da massa: oculto, mas atuante.

Note-se que, até bem pouco tempo, a reação à cultura da morte não era apenas rara, mas praticamente inexistente. A recente queda vertiginosa da aprovação do aborto, a difusão da castidade entre os jovens, a redescoberta da maternidade pelas mulheres, a oposição à ideologia de gênero, tudo isso são sinais de que o futuro poderá ser melhor.

 

Oração pelo Brasil

Ó Maria concebida sem pecado,terco

olhai pelo nosso pobre Brasil,

rogai por ele, salvai-o.

Quanto mais culpado é,

tanto mais necessidade tem ele

da vossa intercessão.

Ó Jesus, que nada negais a vossa Mãe Santíssima,

salvai o nosso pobre Brasil.

 

Anápolis, 8 de agosto de 2016.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

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