(um comovente relato da síndrome pós-aborto de um anencéfalo)
Os defensores da Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54 (ADPF 54), que pretende liberar o aborto de bebês anencéfalos, dizem e repetem que tal aborto (por eles chamado “antecipação terapêutica de parto”) beneficiaria a gestante. Afinal, argumentam, que sentido tem levar adiante a gravidez de uma criança que talvez sobreviverá só alguns minutos após o nascimento? Segundo eles, o aborto seria a abreviação de um sofrimento e o livrar-se de um peso inútil.
Um vídeo produzido pela Estação Luz e colocado no YouTube demonstra, de maneira enfática, o traumatismo psicológico sofrido por uma mãe de anencéfalo que aceitou o convite do médico de praticar o aborto. O vídeo chama-se “Quantos ‘eu te amo’?” e está dividido em quatro partes. Traz o depoimento alegre e tranqüilo de mães de anencéfalos que rejeitaram o aborto, como Márcia Tominaga (mãe de Filipe, que sobreviveu 20 minutos após o nascimento) e Cacilda Galante Ferreira (mãe de Marcela, que só morreu depois de 1 ano e oito meses de nascida).
Mas é particularmente tocante o relato de uma mãe anônima, que aparece nas partes 1 e 4, chorando por ter aceitado a proposta do médico de abortar seu bebê anencéfalo.
Parte 1:
http://www.youtube.com/watch?v=us66QbFVGWQ
Com a tela totalmente escura, ouve-se a voz de uma mulher e lê-se a legenda correspondente em letras brancas:
Foi falado que 99% das crianças em caso de anencefalia não sobreviviam.
Então me sugeriram que eu abortasse porque, talvez por eu estar no quinto mês de gestação eu poderia correr risco.
Então, eu e meu esposo resolvemos aceitar a proposta do médico em tirar a criança.
Foi aí então que começou o meu sofrimento.
[Aparece agora o rosto da mãe]
Passei três dias internada, todos os dias sentindo dores. Eram 9h40 da manhã quando me levaram para a sala de parto.
Eu lembro até hoje outras crianças nascendo ao lado, recebendo a vida e eu…
[começa a chorar]
… eu estava ali matando a minha filha.
Ela nasceu, senti mexendo e eu não quis ver.
Talvez porque eu me sentia uma covarde. Talvez porque eu me sentia um monstro.
Naquele momento eu não tive coragem de ver a crueldade que eu permiti… que ele estava… autorizei fazer comigo.
Lembro dela gritando: “Tá vivo!”
[passa a mão no rosto para enxugar as lágrimas]
“Tá vivo! A criança nasceu viva!”
Parte 4:
http://www.youtube.com/watch?v=FoZ5qu1zsWs
Talvez quinze minutos era o máximo de sobrevivência para ele.
Mas eu me pergunto: em quinze minutos quantos “eu te amo” eu poderia falar para esse meu filho?
Anápolis, 14 de julho de 2009.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis