“Quem luta na causa pró-vida tem um tríplice dever: o primeiro é informar; o segundo é informar; o terceiro é seguir informando“.
(Dr. Humberto Leal Vieira, presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família e membro da Pontifícia Academia para a Vida)
A vitória do Partido dos Trabalhadores (PT) nestas eleições deveu-se, em grande parte, à desinformação do eleitorado. Faltou, por parte da hierarquia da Igreja no Brasil, uma informação clara aos leigos sobre quais partidos são, por sua própria natureza, incompatíveis com a Doutrina Cristã. Para demonstrar a incompatibilidade do PT com o Cristianismo, não seria necessário elencar o que fez o Partido ao longo dos anos em prejuízo da família e da vida humana. Bastaria citar o artigo primeiro de seu estatuto e compará-lo com a Doutrina Social da Igreja:
Art. 1º: O Partido dos Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãs e cidadãos que se propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático. (Estatuto do PT, aprovado pelo Diretório Nacional em 11/03/2001. Grifo meu)
Ora, o socialismo foi inúmeras vezes condenado pelas Encíclicas Sociais, desde a Rerum Rovarum (1891) de Leão XIII até a Centesimus Annus (1991) de João Paulo II.
“E se o socialismo estiver realmente tão moderado, no tocante à luta de classes e à propriedade particular, que já não mereça nisso a mínima censura? Terá renunciado por isso à sua natureza essencialmente anticristã?” (Quadragesimo Anno, n.º 117). Quem faz esta pergunta é o Papa Pio XI, em 1931. Na mesma encíclica ele responde:
“O socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como ‘ação’, se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça nos pontos sobreditos, não pode conciliar-se com a doutrina católica; pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã” (Idem).
(…)
“Socialismo religioso, socialismo católico são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista” (Idem, n.º 119).
Para não deixar dúvida quanto à validade desta afirmação, o Pontífice acrescentou: “Estas doutrinas (…) nós de novo com a suprema autoridade solenemente declaramos e confirmamos” (Idem, n.º 120).
Em 1961 o Papa João XXIII citaria e confirmaria o que disse seu predecessor:
“Entre comunismo e cristianismo, o Pontífice [Pio XI] declara novamente que a oposição é radical. E acrescenta não poder admitir-se de maneira alguma que os católicos adiram ao socialismo moderado” (Mater et Magistra, n.º 31).
A aplicação destes princípios perenes à realidade brasileira levaria o Episcopado a instruir os eleitores católicos que, por coerência com seu compromisso batismal, não poderiam votar em partidos que se declaram comunistas ou socialistas. São eles:
o Partido dos Trabalhadores (PT);
o Partido Comunista Brasileiro (PCB);
o Partido Popular Socialista (PPS), sucessor do PCB;
o Partido Comunista do Brasil (PC do B);
o Partido da Causa Operária (PCO);
o Partido Democrático Trabalhista (PDT);
o Partido da Mobilização Nacional (PMN);
o Partido Socialista Brasileiro (PSB);
o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU);
O dever de informar é grave. Daqui a dois anos, deverá haver eleições para prefeito e vereador. Muitos dos candidatos serão pessoas que só agora estão pensando em filiar-se a um partido político, e não sabem qual escolher. É muito comum que um brasileiro assine a carta de filiação sem ter lido o Estatuto ou o Programa do Partido. Quando chegarem as eleições municipais, saberão, tarde demais, que se filiaram ao Partido errado.
Na tarefa de informar, não devemos ficar passivos, esperando providências vindas “de cima”. Se sou leigo, não devo esperar por uma iniciativa do pároco para informar aos meus colegas paroquianos em que partidos um cristão não pode votar e aos quais não pode filiar-se. Se sou pároco, não devo esperar que o Bispo de minha diocese escreva uma carta pastoral sobre o assunto. Eu mesmo posso dar aos fiéis de minha paróquia a lista dos partidos “não votáveis” e “não filiáveis”. Se sou Bispo, não devo esperar uma declaração solene da Conferência Episcopal. Em minha própria diocese, posso e devo instruir minhas ovelhas. Se cada um fizer o que está a seu alcance, Deus proverá o restante.
Nossa omissão terá conseqüências graves. Dentro de dois anos, poderemos assistir novamente ao triste espetáculo de uma nação católica votar maciçamente em um partido socialista. Deus se apiede de nós.
Anápolis, 10 de novembro de 2002.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis.
1 O PV não se declara socialista, mas em seu Programa defende o homossexualismo e a legalização do aborto. São metas do Partido:
“4.1.i) defender a liberdade sexual, no direito do cidadão dispor do seu próprio corpo e na noção de que qualquer maneira de amor é valida e respeitável“;
“7.1.g) legalização da interrupção voluntária da gravidez com um esforço permanente para redução cada vez maior da sua prática através de uma campanha educativa de mulheres e homens para evitar a gravidez indesejada“.