(“A oração fervorosa do justo tem grande poder” – Tg 5,16)

Tudo está acontecendo ao mesmo tempo. Em Porto Alegre, o Banco Santander patrocina a exposição “Queermuseu”, mostrando hóstias (consagradas ou não?) escritas com nomes de órgãos sexuais, pinturas de escárnio a Jesus Crucificado e de promoção do homossexualismo e do travestismo infantis[1]. O autor da “arte” com as partículas eucarísticas é Antônio Obá, o mesmo que desde julho está concorrendo ao Prêmio Pipa 2017 por uma apresentação na qual, completamente despido, rala uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e joga em seguida o pó sobre o próprio corpo. Em Belo Horizonte, o Palácio das Artes exibe a exposição blasfema “Faça você mesmo sua Capela Sistina”, rabiscos grosseiros que um viciado em drogas, Pedro Moraleida, deixou antes de suicidar-se aos 22 anos: pornografia, pedofilia, zoofilia, profanação de símbolos religiosos, tudo presente em suas numerosas obras[2]. Em São Paulo, o Museu de Arte Moderna, em sua exposição bienal, expõe um homem nu deitado e uma menina de três a cinco anos tocando seu pé, com o consentimento da mãe[3]. A Rede Globo estreia novas novelas em combate à família natural e em apologia de perversões sexuais. O Ministério da Educação, não aceitando a derrota que a ideologia de gênero sofreu nas casas legislativas em nível nacional, estadual e municipal nos Planos de Educação, agora tenta inserir essa espúria temática na Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Enquanto isso, a mentora da ideologia de gênero, Judith Butler, prepara-se para fazer uma visita ao Brasil e palestrar em São Paulo no seminário internacional “Os fins da democracia”, de 7 a 9 de novembro[4].

JudithButler

Graças a Deus, estamos vendo uma reação popular a esses ataques generalizados contra o “santuário da vida” que é a família. As reações são diversas e vêm de todos os lados. O Bispo de Apucarana (PR), Dom Celso Antônio Marchiori, afirmou que a Rede Globo é “um demônio dentro de nossas casas” convocou o povo, incluindo os não católicos, a não assistir mais a essa emissora[5]. Os Bispos do Regional Nordeste I publicaram uma nota de repúdio ao “escárnio público contra os nossos símbolos mais sagrados […] e contra valores fundamentais da vida humana”[6]. Nas redes sociais os internautas se comunicam para divulgar abaixo-assinados de protestos. Mas não nos enganemos. Nossos maiores inimigos são legiões de demônios, conforme nos diz São Paulo: “Nosso combate não é contra o sangue nem contra a carne, mas contra os Principados, contra as Autoridades, contra os Dominadores deste mundo de trevas, contra os Espíritos do Mal, que povoam as regiões celestiais” (Ef 6,12). Na defesa da vida e da família estamos, portanto, em uma batalha espiritual, com inimigos espirituais e devemos usar sobretudo armas espirituais.

 

Logotipo dos "Helpers"Eis a lição que nos dá a história de Mons. Philip Reilly, de Nova Iorque, veterano líder pró-vida, fundador dos Ajudantes dos Preciosos Bebês de Deus (Helpers of God’s Precious Infants).

 

reillyDurante trinta anos ele [Mons. Reilly] lutou para parar a maré de morte por todos os meios possíveis. Bloqueou o acesso às clínicas de aborto, organizou conferências, tomou parte em manifestações de rua e recusou-se a pagar impostos como meio de protesto. No entanto, todos os esforços para levantar a consciência geral sobre o problema pareciam inúteis. Ano após ano a taxa de abortos aumentava continuamente. Após vinte anos de luta infrutífera, o resignado Pe. Reilly sentou-se diante do Santíssimo Sacramento e disse a Deus: “Desisto. Não consigo fazer mais. Afinal, eu tentei tudo”. Então ele ouviu uma resposta clara: “Por que não tentas rezar? Por que a oração não toma o primeiro lugar?” Essas palavras tiveram um profundo impacto no padre. Depois de meditar em todo o assunto, ele decidiu mudar totalmente de abordagem: oração, jejum e atos de mortificação ocupariam o primeiro lugar. Ele começou a alugar espaço perto dos abortórios e fazer lá capelas nas quais equipes de duas pessoas se revezariam a cada hora em perpétua adoração ao Santíssimo Sacramento. Quarenta e oito pessoas para cada vinte e quatro horas. De pé, na entrada do abortório, estaria a próxima equipe de duas pessoas. Uma rezaria o terço pela mudança de coração da mãe, enquanto outra tentaria conversar com aqueles que entravam no prédio. Quando iniciaram essa campanha pela vida apoiada pela oração, uma única criança salva era causa de grande alegria. Agora, apenas em Nova Iorque, cerca de 5000 mulheres escolhem a vida a cada ano. Como resultado, no decorrer de poucos anos, dezenas de abortórios foram fechados nos EUA. Pe. Reilly afirma ter perdido o número de crianças salvas em todo o país. Campanhas similares foram iniciadas em cidades por toda a Europa. Somente em Viena, cerca de 4.500 seres humanos são salvos a cada ano[7].

A adoração eucarística na hora da Misericórdia

Em nossa casa de acolhida, na sede do Pró-Vida de Anápolis, todos os dias às 15 horas, a hora da Misericórdia, as gestantes vão conosco ao Oratório São José, como é chamada a nossa capela. Diante do Santíssimo Sacramento exposto, elas rezam primeiro o terço da misericórdia, em seguida o terço mariano, com os mistérios correspondentes ao dia da semana. Depois faz-se uma comunhão espiritual. Tudo isso dura aproximadamente trinta minutos. Ora, uma adoração eucarística de trinta minutos faz-nos lucrar uma indulgência plenária[8], nas condições de costume[9]. Para isso, antes de fecharmos as portas do sacrário, rezamos um Pai Nosso e uma Ave Maria nas intenções do Santo Padre.

CapelaSSmoexposto

Aquela meia hora é preciosa. As mães aprendem a dirigir o terço, familiarizam-se com os mistérios da redenção e recebem “graça sobre graça” (Jo 1,16). Essa adoração diária tem produzido frutos visíveis.

Aprendemos – com certo atraso, mas aprendemos – que a base e a solução de tudo estão na oração. Quando não sabemos o que fazer, a resposta se encontra no sacrário onde Jesus se esconde sob a espécie do pão. Sem a oração, tudo é aparência e ilusão. Mas “com Jesus, tudo pode ser mudado pela força da oração”.

O exemplo dos apóstolos

Não foi através de nove dias de oração unânime, perseverante e com Maria (At 1,14) que os discípulos receberam, no décimo dia, o Espírito Santo e conquistaram o mundo para Cristo? Se quisermos receber os dons espirituais que nos encorajem para esta batalha pela vida, devemos seguir o exemplo deles. A oração contínua e com Maria deve ocupar o primeiro lugar.

Oração pelo Brasil

tercoÓ Maria concebida sem pecado,

olhai pelo nosso pobre Brasil,

rogai por ele, salvai-o.

Quanto mais culpado é,

tanto mais necessidade tem ele

da vossa intercessão.

Ó Jesus, que nada negais a vossa Mãe Santíssima,

salvai o nosso pobre Brasil.

 

Anápolis, 6 de novembro de 2017.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis.



[1] A exposição começou em 15 de agosto e iria até 8 de outubro, mas o Santander, diante dos protestos, decidiu encerrá-la em 10 de setembro. Cf. http://www.acidigital.com/noticias/exposicao-blasfema-e-encerrada-depois-da-mobilizacao-de-catolicos-16704/

[2] A exposição começou em 1º de setembro e está programada para ir até 19 de novembro. Continuamente católicos vêm rezando o terço diante do Palácio em desagravo às ofensas.

[3] A apresentação ocorreu em 26 de setembro, na abertura do 35º Panorama da Arte Brasileira.

[7] Leszek DOKOWICZ. The most effective weapon. Love one another magazine, 10/12/2009, in: http://www.loamagazine.org/nr/christian_family/the_most_effective_weapon.html

[8] “Concede-se indulgência parcial ao fiel que visitar o Santíssimo Sacramento para adorá-lo; se o fizer por meia hora ao menos, a indulgência será plenária” (Manual das indulgências, concessão n. 3).

[9] Confissão Sacramental, Comunhão Eucarística, desapego a qualquer pecado, mesmo venial, e oração nas intenções do Santo Padre.

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