A verdade sobre as células-tronco
1. O que é um tecido?
É um conjunto de células diferenciadas para uma determinada função. Exemplo: o tecido nervoso (composto de células nervosas), o tecido muscular (composto de células musculares), o tecido ósseo (composto de células ósseas)…
2. Que são células-tronco?
São células indiferenciadas. São capazes de se diferenciar, dando origem a células de funções específicas. No início do desenvolvimento humano, todas as células são indiferenciadas. Só depois elas dão origem aos diversos tecidos, que compõem os diversos órgãos, aparelhos e sistemas do corpo humano.
3. O que se entende por “terapia com células-tronco”?
O transplante de células-tronco (ou seja, indiferenciadas) em órgãos lesados, a fim de que elas se diferenciem em células daquele tecido. Teoricamente, elas seriam capazes de dar origem a células musculares (em doentes cardíacos) a células nervosas (em doentes neurológicos) e a diversos outros tipos de células. À semelhança de um curinga, que substitui outras cartas de um baralho, as células-tronco (CT) seriam capazes de fazer as vezes de várias outras, regenerando tecidos e curando lesões.
4. Como utilizar as células-tronco de um embrião humano para esse fim?
É preciso primeiramente matar o embrião humano. Esse é o grande obstáculo ético. Não se pode, nem com a melhor das intenções, matar um ser humano inocente.
5. Só há células-tronco em embriões humanos?
Não. Há células-tronco também em indivíduos adultos: na medula óssea, na placenta, no cordão umbilical, e em vários órgãos. A retirada de células da medula óssea para implantar na própria pessoa (autotransplante) não apresenta qualquer problema ético. E, além disso, por serem células do mesmo organismo, não ocorre rejeição.
6. Até hoje tem havido sucesso no emprego de células-tronco adultas?
Sim. Nas palavras da pesquisadora de biologia celular da UNIFESP Alice Teixeira Ferreira, “desde 2001 pesquisadores do Instituto do Milênio de Bioengenharia Tecidual vêm tirando pacientes da fila do transplante cardíaco com o sucesso do autotransplante de células-tronco adultas” (A pajelança com as células-tronco. O Globo, Rio de Janeiro, 20 ago. 2004. p. 7). Não se trata de um sonho, mas de uma realidade.
7. E quanto às células-tronco embrionárias?
Além de só poderem ser obtidas à custa da morte dos embriões humanos, as células-tronco embrionárias apresentam inúmeros problemas. O primeiro deles é a rejeição do organismo a células estranhas. O segundo é a alta probabilidade do desenvolvimento de tumores, devido à alteração do DNA do núcleo de tais células. Se forem empregados embriões ditos “inviáveis”, o risco é maior ainda. O fato é que até hoje ninguém ficou curado através do implante de células-tronco embrionárias humanas. Até mesmo o pesquisador Alysson Renato Muotri, totalmente insuspeito por ser defensor do uso de células-tronco embrionárias, admite: “Vejo a terapia como uma coisa ainda distante. Não podemos achar que vamos transplantar células-tronco embrionárias para um adulto e curar o mal de Parkinson. Um adulto pode morrer, pode ter rejeição, pode desenvolver um tumor” (JANSEN, Roberta. Criado camundongo com neurônio humano. O Globo, Rio de Janeiro, 21 ago. 2004. p. 36).
8. Quantos embriões humanos congelados existem nas clínicas de reprodução humana espalhadas pelo Brasil?
Segundo o Jornal do Senado, “existem estocados em laboratório no país cerca de 30 mil embriões em condições de servirem para pesquisas voltadas para enfrentar doenças degenerativas” (DEBATE MARCADO POR DIVERGÊNCIAS. Brasília, 11 a 17 set. 2004. p. 3).
9. Se todos esses 30 mil embriões humanos fossem destruídos, quantas células-tronco poderiam ser utilizadas?
Considerando que cada embrião humano congelado contém cerca de 150 células, o produto do extermínio de todos eles seria de 4,5 milhões de células.
10. Esse número é grande ou pequeno?
É irrisório, insignificante. Segundo a pesquisadora Alice Teixeira Ferreira, “no autotransplante de CT adultas obtidas da medula óssea utiliza-se em torno de um milhão de CTs por mililitro, injetando-se 40 mililitros de um concentrado destas células na região lesada através de uma sonda/cateter introduzida na artéria femoral, no caso de infarto do miocárdio (Dr. Dohmman, Hospital Pró-Cardíaco, RJ) ou doença de Chagas (Dr. Ricardo Ribeiro dos Santos, Bahia)” (Entrevista à Revista “Médico Repórter”, de 13.10.2004. Os grifos são nossos). Ou seja, em um único transplante utilizam-se 40 milhões de células-tronco, mais de oito vezes mais do que 4,5 milhões. Em outras palavras: a morte de todos os seres humanos atualmente congelados no Brasil não seria suficiente para se fazer um só transplante!
11. Não seria possível obter embriões humanos através da clonagem dita “terapêutica”?
Isso é também apenas um sonho. Argumenta-se que produzindo um embrião humano a partir de clonagem, suas células-tronco poderiam, teoricamente, ser transplantadas para o organismo de origem sem ocorrer rejeição. Mas o problema ético é o mesmo: para se obterem tais células, seria preciso matar o embrião clonado. Além disso, se a doença for genética, as células do embrião clonado portarão o mesmo defeito.
12. Qual a diferença essencial entre a clonagem “reprodutiva” e a clonagem “terapêutica”?
Não há nenhuma diferença essencial. No primeiro caso, o objetivo é produzir um ser humano a partir de uma célula somática de um ser humano adulto. No segundo caso, o objetivo é o mesmo, com um agravante: o ser humano produto da clonagem está destinado a ser morto na fase inicial de sua vida, para que suas células sirvam de material de transplante.
13. Pode-se dizer então que a clonagem chamada “terapêutica” é pior que a clonagem chamada “reprodutiva”?
Sem dúvida alguma. A clonagem dita “terapêutica” tem toda a malícia da clonagem comum, e mais a malícia do homicídio que a acompanha.
14. Haveria algum benefício para os doentes com a aprovação do uso de células tronco embrionárias pelo Congresso Nacional?
Nenhum benefício concreto ou imediato. Todas as enormes e maravilhosas vantagens apregoadas pela imprensa não passam de mentiras ou de produtos da imaginação.
15. Se as células-tronco adultas têm tido tanto sucesso, porque a insistência tão grande em liberar o uso de células-tronco embrionárias?
O objetivo não é “científico” nem humanitário. Pretende-se arranjar um pretexto para livrar as geladeiras dos laboratórios, ocupadas com serem humanos “indesejáveis”, criopreservados com alto custo. Pretende-se ainda escancarar as portas para a legalização do aborto, tão avidamente desejado por certos grupos que se dizem, ironicamente, defensores dos “direitos humanos”. De fato, se a lei passar a autorizar a morte de crianças congeladas fora do útero, por que motivo não autorizar também a morte das que estão dentro do útero?
Anápolis, 15 de novembro de 2004.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis