Coração Imaculado de Maria,
livrai-nos da maldição do aborto!

(uma carta fictícia, composta por Tatiana Rímoli, 15 anos, que dificilmente você conseguirá ler sem se comover)

Querido Papai Noel
Pode ser um pouco tarde, talvez em cima da hora, mas faço o possível pra que meu pedido chegue antes do Natal aí no Pólo Norte.
Sabe, Noel, eu não tinha certeza do que ia pedir para o senhor. Tantas coisas que eu queria, tantos sonhos que eu tinha, mas não posso ter tudo.
Algumas vezes, e eu já aprendi, a gente passa por dores. Dores que cortam o coração, rasgam o corpo, e nos deixam retalhadinhos, e nem sempre existe motivo algum.
Mas elas passam, e apesar de deixarem marcas, nos levam pra lugares bons.
É difícil dizer que é um lugar melhor, porque não cheguei a conhecer muitos outros.
Eu demorei pra escolher meu presente, e confesso que, não sei se fui mesmo um bom menino. Mas não é fácil, Noel, e pra algumas coisas eu não tenho escolha; elas simplesmente acontecem, e eu juro (sem cruzar os dedos!) que não fui eu quem quis assim…
Eu queria, Papai Noel, como eu queria, viver. Um pouquinho só que fosse, eu não seria tão ruim assim. Eu sei que me mexi um pouco, mas não sabia que não pudia, eu não faria isso se tivesse vida. E eu não choraria tanto, eu sei que não. Eu ia ser bonzinho, e ficar no meu cantinho, não ia pedir muito não. E eu sei que chutei em hora errada, quanta descoordenação, mas queria tanto outra chance, Noel, queria tanto viver.
Ouvi também que não era hora certa, mas eu não queria atrapalhar, de coração. Eu não quis ser apressado, ou machucar ninguém, juro que não. Eu só quis, por um pouquinho, respirar o ar purinho, e sorrir de montão.
E se for muito, Papai Noel, se a vida for muito peso pra carregar no seu trenó, eu faço outro pedido então.
Diz pra mamãe, que sinto muito, que a amo pra sempre, que não atrapalho mais não. Diz que eu fiquei bem, apesar das dores, do corpinho mutilado, eu tô aqui de alma com ela no coração. Diz que eu peço desculpas se a machuquei muito, não era a intenção. Diz também pro papai não se preocupar muito não. E diz pra eles aproveitarem muito a vida!
Manda pra eles, Noel, os presentes que pediram, porque eu os amo tanto. E obrigado ao senhor, pela atenção.

Bruno, 4 meses (de vida?), abortado.

20 de dezembro de 2004 

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