Irmãs pró-vida: venham às pressas
(“O tempo se fez breve” – 1Cor 7,29)
Em 1991, o Cardeal John O’Connor fundou em Nova Yorque uma comunidade chamada “Sister of Life” (irmãs da vida), com a missão específica de defender a sacralidade da vida humana e assistir as mulheres vulneráveis à prática do aborto. Em 2004, a congregação foi aprovada e reconhecida formalmente como instituto religioso, sob o governo do Cardeal Edward Eagan.
No Brasil, ao que se sabe, não existe uma comunidade religiosa feminina com o fim específico de proteger as crianças por nascer e acolher as mães gestantes. Até hoje, o Pró-Vida de Anápolis contou com o apoio de religiosas de várias comunidades, com carismas diversos, que aceitavam a proposta de trabalhar conosco na defesa da vida nascente. Embora tais irmãs tenham prestado, em parceria conosco, um serviço benemérito, frequentemente surgiam amigos, que diziam: que tal formar uma comunidade de irmãs pró-vida a partir do zero?
A ideia foi amadurecendo, até que passou pelo crivo da obediência. Nosso Bispo Diocesano, Dom João Wilk, admitiu que se formasse uma comunidade feminina “ad experimentum”, e permitiu que em 2021, nos dias 9 a 11 de outubro, organizássemos o primeiro retiro para candidatas à comunidade de “irmãs pró-vida”. Participaram dez moças, das quais uma, proveniente de Itabira (MG), Alice D’Ávila, poucos dias após o fim do retiro, anunciou seu desejo de fazer uma experiência de um ano conosco. Deixando sua cidade, ela já trabalha para nós como voluntária há mais de um ano e seis meses.
Neste ano de 2023, fomos agraciados com a permissão e a bênção de Dom João para realizarmos, de 21 a 23 de abril, o II Retiro de candidatas à “desejada comunidade ‘irmãs pró-vida’” (sic). Novamente compareceram dez retirantes, das mais diversas proveniências: Goiás, Bahia, São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais. O tema do retiro foi o tempo, e o lema foi o versículo bíblico: “Enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas sobretudo aos nossos irmãos na fé” (Gl 6,10).
Falou-se sobre a prontidão de Maria Santíssima, que se dirigiu “às pressas” (Lc 1,39) até a casa de Isabel, grávida de seis meses, a fim de prestar-lhe serviço.
Comentou-se que o “homicida desde o princípio” (Jo 8,44) também tem pressa. Impedido de devorar o filho da Mulher vestida com o sol (Ap 12,1-6), o Diabo desceu para a terra e o mar “cheio de grande furor, sabendo que lhe resta pouco tempo” (Ap 12,12).
No retiro, as moças foram convidadas: 1) a se assemelharem aos anjos pela pureza e pelo cuidado com as criancinhas; 2) a imitarem a prontidão de Maria Santíssima em socorrer uma criança em gestação; 3) a observarem o silêncio de São José, que, sem dizer uma palavra, sempre obedeceu prontamente às ordens do anjo (Mt 1,24; 2,14.21); 4) a perseverarem na oração, à semelhança dos apóstolos que, com Maria, oraram continuamente (At 1,14) pedindo a vinda do Espírito Santo.
Foi-lhes dito que, por ora, não fariam votos de castidade, pobreza e obediência, como fazem as religiosas, mas fariam o propósito
- de conservar-se castas e continentes,
- de viverem daquilo que os doadores oferecessem à nossa instituição
- e de obedecerem a uma superiora, que seria a última de todas e a serva de todas (Mc 9,35).
Também não usariam, por ora, um hábito religioso, mas se vestiriam com um uniforme modesto e se absteriam de todas as vaidades, para se adornarem com boas obras (1Tm 2,10).
Talvez haja, entre as que participaram deste último retiro, alguma moça que, como fez a jovem Alice D’Ávila, volte para experimentar trabalhar conosco.
Talvez haja outras que, mesmo sem terem feito o retiro, sintam-se chamadas para fazer conosco “o trabalho mais importante da Terra”, como disse São João Paulo II referindo-se à defesa da vida e da família.
Não convém pedir a Deus que escolha tais irmãs, mas que mostre quem ele escolheu. Assim orou Pedro pedindo ao Senhor que mostrasse quem havia escolhido para tomar o lugar deixado por Judas Iscariotes (At 1,24).
Pois, se essa comunidade é querida por Deus, ele já escolheu aquelas que devem compô-la. Se você foi uma das escolhidas, venha às pressas até nós!
Anápolis, 8 de maio de 2023
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz