(ser mãe, biológica ou espiritual, é vocação de toda mulher)

Supostamente para promover a mulher, foi criada em 1941 a super-heroína “Mulher Maravilha”. Neste ano de 2017, uma nova versão da personagem reaparece nos cinemas. No entanto, não há nada de substancialmente novo. A atriz continua se vestindo de maneira pouco modesta, chamando a atenção para o seu corpo, e seu heroísmo parece estar não em sua feminilidade, mas em seu poder de competir com os homens em força física. Eis uma das sinopses do filme:

Treinada desde cedo para ser uma guerreira imbatível, Diana Prince (Gal Gadot) nunca saiu da paradisíaca ilha em que é reconhecida como princesa das Amazonas. Quando o piloto Steve Trevor (Chris Pine) se acidenta e cai numa praia do local, ela descobre que uma guerra sem precedentes está se espalhando pelo mundo e decide deixar seu lar certa de que pode parar o conflito. Lutando para acabar com todas as lutas, Diana percebe o alcance de seus poderes e sua verdadeira missão na Terra [1].

Partindo de um comentário a esse espetáculo cinematográfico, Rafaela de Oliveira escreveu o artigo “Os superpoderes da maternidade”[2], do qual reproduzimos abaixo um longo trecho.

Vivemos em tempos em que a sociedade, infelizmente, não reconhece os verdadeiros poderes da mulher e de seu dom de ser mãe. Fala-se tanto em empoderamento quando na verdade o que se precisa é reconhecer o que a mulher já tem por natureza.

Gabriela Oliveira no seu lar

Pense no dia a dia de uma mulher que escolheu dedicar-se em tempo integral ao seu esposo, filhos e ao lar (sem contar que muitas das que vivem esta realidade ainda realizam algum empreendimento que lhes permite horário flexível e trabalhar desde casa). Mas antes de começar a imaginar a cena, quebre todos os paradigmas que você tenha de uma mulher desarrumada, malcuidada e com a cara infeliz.

Se agora estiver preparado, comece a pensar comigo: ela é a primeira a se levantar, mesmo antes dos filhos que acordam cedo, separa as roupas do dia, faz mamadeiras, quando eles acordam, troca fralda, troca roupa, arruma as camas, prepara seu café, prepara o desjejum das crianças, se alimenta, coloca as roupas para lavar, planeja o almoço, vai à feira/mercado, brinca com as crianças, aproveita para ensinar-lhes, prepara almoço, coloca um dos filhos para dormir, alimenta-se, limpa a cozinha, limpa mais alguma parte da casa que precisa, estende roupa, coloca mais roupa para lavar, brinca com os filhos, troca fralda, dá lanche, prepara um bolo e café para esperar o marido chegar do trabalho, ensina mais um pouco às crianças, faz atividade física com elas, recebe o marido, prepara o jantar, administra medicamentos, dá banho nas crianças, coloca-as para dormir, vai jantar, limpa cozinha e organiza o café da manhã, vai tomar seu banho e dedicar-se um tempo para si e o esposo até enfim descansar. Cansou? Pois é… mas nem sempre é assim tão perfeito e ainda faltam detalhes (administrar médicos, exames, festas de aniversário, lembranças da família, etc.), sem contar quando (quase sempre) as crianças ficam doentes, e as diversas vezes que acorda de madrugada (quando não é para atender alguém que está chorando é para simplesmente ver se está coberto ou passando frio). E entre tudo isso, sorrindo, cantando, entrando no mundo das brincadeiras dos filhos, mantendo a calma e a paciência quando é preciso se abaixar e olhar nos olhos da criança para ensinar, corrigir e educar. Sem se esquecer do marido, que às vezes, precisa ser ouvido e que deseja, ao chegar à casa, encontrar um lar carinhoso pronto para acolhê-lo.

Achou que isso tudo é utopia? Não… essa é a minha casa! Quando visto meu avental é como se vestisse meu uniforme de Mulher-Maravilha. A grande diferença entre nós é que, no filme, ela teve que sair da sua ilha e no meio da guerra usar seus superpoderes e se realizar como heroína.

Muitas mulheres, talvez como eu, é no meio da guerra, trabalhando muitas vezes, mais do que oito horas por dia, viajando a trabalho, ficando mais no trânsito do que em casa e vivendo frustrada por competir com um desejo que nasce de seu instinto é que descobrem que, em tudo isso, podem ser muito bem substituídas. Já no tempo dedicado ao cuidado e desenvolvimento dos filhos, ao cuidado do lar (mesmo que se tenha uma ajuda, o toque da dona da casa sempre faz toda diferença), e principalmente no cultivo de seu matrimônio ninguém pode substituí-la! Porque este lugar é só seu! Pode parecer um serviço oculto, valorizado só quando ela faz falta, mas é um serviço por amor! Um serviço em que é possível sentir-se totalmente realizada, pois descobre que seus superpoderes são a paciência, a abnegação, a generosidade, a capacidade de ser melhor a cada dia, de aprender coisas novas que nunca imaginou que faria, a criatividade (nas refeições, no cuidado da casa, na ajuda financeira, na educação dos filhos… numa infinidade de coisas difíceis de listar), a docilidade, na formação afetiva de todos do lar, na multiplicação do tempo (porque sempre encontra tempo para ajudar alguém fora de casa), enfim…

Todas nascemos mães. Algumas de ventre, outras de coração e outras ainda espirituais. E só seremos plenamente felizes quando colocarmos todos nossos superpoderes em ação. Poderes que nada mais são do que dons dados pelo Criador. E colocá-los em prática é já experimentar o Céu na terra, pois é concretizar o sonho de Deus. Não esconda seus dons! Seja livre! Escolha por realizar-se e se eu pudesse dar uma dica: realize-se no que sua natureza pede! Deus a fez mulher… uma mulher maravilha!

[fim do artigo]

* * *

Maria, modelo de mulher

As mulheres não precisam de um personagem fictício para admirar e imitar. Parodiando Jesus, que disse “o servo não é maior que o senhor” (Jo 13,16), poderíamos dizer “a serva não é maior que a senhora”. Para a mulher cristã, basta admirar e imitar Maria Santíssima. Ela é real e seu poder supera o de todos os anjos e santos. O Apocalipse descreve-a como uma mulher-luz, “vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12,1). Cheia de luz, esta mulher é cheia de Deus, pois “Deus é luz e nele não há treva alguma” (1Jo 1,5). É a mesma que um dia o anjo chamou “cheia de graça” (Lc 1,28). Nela não há lugar para o pecado, nem sequer para o pecado original. A glória de Maria está em seu Filho, que veio “reger todas as nações com cetro de ferro” (Ap 12,5).

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Para ser poderosa, rainha dos anjos e dos santos, Maria não precisou sair de sua casa em Nazaré. Foi como mãe, esposa e dona de casa que ela “fez a vontade do Pai que está nos Céus” (Mt 12,50). Para a mulher, ser mãe não é apenas vocação, mas salvação. Pois diz São Paulo: “Ela será salva pela sua maternidade, desde que, com modéstia, permaneça na fé, no amor e na santidade” (1Tm 2,15) Sirva a ternura materna de Maria de exemplo para toda mulher que aspira ser poderosa.

 

Anápolis, 7 de agosto de 2017.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz



[1] http://www.adorocinema.com/filmes/filme-173720/

[2] Revista Divina Misericórdia – jun. 2017, p. 32-33. Fizemos pequenas correções gráficas.

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