O Relatório Kissinger não ficou só no papel, mas foi detalhadamente posto em prática. Para tanto organizou-se um poderoso exército com poderosas armas e fez-se uma nova guerra mundial, com vítimas imensamente mais numerosas que as das duas primeiras. Um detalhe irônico: o deflagrador desta guerra, Henry Kissinger, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1973.
Eis os principais grupos de combate com as respectivas estratégias usadas nos dias de hoje (*):
1º) Os organismos multilaterais de crédito, em especial
- a Agência Internacional para o Desenvolvimento (AID ou USAID),
- o Banco Mundial (BM)
- e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Condicionam toda ajuda econômica externa ao cumprimento de metas demográficas pautadas em cada empréstimo.
2º) Alguns organismos dependentes das Nações Unidas, principalmente
- a Organização Mundial de Saúde (OMS),
- o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
- o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),
- o Fundo das Nações Unidas em Atividades de População (FNUAP),
- o Fundo das Nações Unidas para a Cultura (UNESCO),
- a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO)
- o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
- e o Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM).
Exercem controle em nível de governo, a fim de que adotem políticas de controle de natalidade.
Supervisionam os programas financiados nacional ou internacionalmente, destinados a saúde “reprodutiva” (leia-se contracepção, esterilização e aborto nos hospitais públicos) e a “educação” em matéria de saúde, população e sexo. “Capacitam” funcionários, agentes sanitários e sociais para que executem tais programas.
3º) Os Grupos Parlamentares Internacionais, verdadeiros “lobbies” integrados por legisladores e ex-legisladores dos países do Terceiro Mundo, cuja função é coagir seus colegas e também os funcionários dos poderes executivo e judiciário, a fim de que adotem em seus respectivos âmbitos, as políticas de controle populacional.
4º) A Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF) e suas 178 filiais nacionais, que são instituições privadas, reconhecidas pelos governos como entidades de utilidade pública. A filial brasileira da IPPF é a Sociedade Civil de Bem-Estar Familiar do Brasil (BEMFAM), fundada em 1965. Aglutinam e dirigem toda a atividade privada em torno do “planejamento familiar”. Para tanto abrem clínicas onde se realizam todo o tipo de atividade contraceptiva (incluindo abortos e esterilizações, se a legislação local o permite; caso contrário, lutam para a despenalização de ambos).
Não podemos esquecer o Conselho de População (Population Council), fundado por John D. Rockefeller III em 1952 (o mesmo ano do nascimento da IPPF, também fundada por ele) e as Fundações Ford, Mc Arthur e Rockefeller. Atenção para os nomes e siglas acima citados, pois eles aparecem como doadores generosos de muitos grupos brasileiros antivida.
Para se ter uma idéia da amplitude desta guerra, vejamos alguns números.
1960 | ||||
1968 | ||||
1973 | ||||
1987 |
Os dados das três primeiras linhas são fornecidos citados por Manuel Ferrer e outros em “Las políticas demográficas”, 1975, p. 79. Os dados de 1987 são da Declaração de Amsterdã de 9/11/89, ponto 1.20. A mesma declaração prevê para o ano 2000 um gasto de US$ 9.000.000.000 (ponto 1.13).
O documento preparatório para a Conferência do Cairo (1994) vai mais longe ainda. Os investimentos anuais para o controle da população teriam que ser:
Para que o investimento de tanto dinheiro dos países ricos nos países do Terceiro Mundo? Para aliviar sua miséria? Não. Simplesmente para eliminar sua descendência. Será que alguma vez uma soma destas proporções foi empregada a nível internacional para fomentar a produção de alimentos, a geração de empregos, a industrialização, a assistência médica ou a alfabetização?
Anápolis, 10 de novembro de 1996.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
(*) Os parágrafos a seguir foram copiados quase literalmente de JORGE SCALA, em seu excelente livro IPPF; La multinacional de la muerte, Rosario, J.C. Ediciones, 1995. Conferir nas páginas 12, 13, 37 e 38.